segunda-feira, 25 de maio de 2009

Conhecimento válido é só o dos livros?

Hoje ouvi uma pérola enquanto conversava amigavelmente com uma pessoa próxima sobre o que seriam amostras válidas para uma pesquisa: "não discuto mais isso com você até que você leia os livros que estou lendo".

Bem... É... Vamos lá... (fôlego)...

Quer dizer que o conhecimento adquirido a partir da vivência de uma pessoa não vale nada? Não merece nem sequer ser ouvido??? Comparar opiniões de pessoas com conhecimentos adquiridos pela vivência com conhecimentos oferecidos por meios letrados está fora de questão?

De forma alguma quero desmerecer os autores de livros. Se eles os escreveram e principalmente se são utilizados para ensinar outras pessoas (creio que seja essa a principal utilidade de um livro acadêmico) é porque o autor deve saber o que está falando.

Mas não raro vemos casos em que novas teorias substituem ou complementam teorias anteriores, daí afirmo, sem medo algum de errar, que todo o conhecimento sobre determinado assunto deve ser considerado antes de se chegar a uma conclusão e, logo, você também não pode se fechar para novas teorias, mesmo quando já chegou a tal conclusão.

Sendo um pouco sarcástico, fico aqui imaginando como a humanidade conseguiu se formar antes dos livros serem criados... O que me faz pensar em outro exemplo: imaginem se ninguém tivesse dado ouvidos a um certo senhor chamado Sócrates que, sem escrever uma linha sequer, mudou a filosofia e fixou a pedra fundamental para todas as ciências atuais. Afinal, antes dele existiram os filósofos pré-socráticos, que deixaram suas obras em manuscritos...

Sinceramente me senti ofendido ao apenas dar uma opinião que deveria servir para ajudar a construir o trabalho da pessoa, mas isso é outro papo.

Afinal, isso aqui é um blog de informática e o que esse papo tem a ver com o tema? Simples, a informática, segundo o Wikipédia, é o conjunto das ciências de informação e o caso apresentado trata exatamente disso: informação e como repassá-la.

Nós do setor de TI seguidamente esquecemos que o alvo da nossa ciência é a informação e não os computadores e programas.

Focamos nosso trabalho não no levantamento de como as informações que o cliente possui precisam ser tratadas para virar um produto e normalmente nos fixamos em como fazer um sistema para que os processos sejam feitos usando o computador. Isso é errado, porque o produto final não estará agregando nada ao processo de criação do produto do cliente.

Contextualizando, o que seria dado, informação e conhecimento? Segundo o Wikipédia:

- Os dados referem-se a uma recolha de informações organizadas, normalmente o resultado da experiência ou observação de outras informações dentro de um sistema de computador, ou um conjunto de instalações. Os dados podem consistir em números, palavras ou imagens, as medições e observações de um conjunto de variáveis.

- A informação é o resultado do processamento, manipulação e organização de dados de tal forma que represente uma modificação (quantitativa ou qualitativa) no sistema (pessoa, animal ou máquina) que a recebe.

- O conhecimento se dá quando usamos ou transformamos informações em algo palpável.

Então, como devemos tratar as informações e os conhecimentos antes de produzir um software para um cliente?

Devemos, obrigatoriamente, esquecer que conhecemos computadores e entender as informações que o cliente possui, como essas informações são processadas e como é gerado um conhecimento, que pode ser tanto o resultado de um processamento (contadores, advogados, engenheiros, etc) quanto um produto final manufaturado (uma fábrica, etc).

Entendendo os processos que transformam a informação em conhecimento teremos condições de aplicar nossa ciência muito mais eficientemente e sugerir mudanças nesse processo de transformação, agregando então eficácia (conseguir atingir um objetivo) e eficiência (atingir os objetivos com o mínimo de esforço) ao produto do cliente. Isso faz da TI uma ferramenta capaz de trazer a corporação o diferencial competitivo que tanto se necessita nos dias atuais.

Fazendo uma ligação entre o caso apresentado com a teoria do conhecimento, nós, profissionais de TI, jamais podemos, por exemplo, esquecer de ouvir atentamente os funcionários mais antigos de uma corporação no momento de prospectar um novo produto.

Normalmente nós lemos documentos que definem os padrões, ouvimos gerentes que nos dizem como a empresa funciona e tratamos esses profissionais, por ter idade avançada ou por "fazer a mesma coisa há anos", como problemas a superar, como barreiras, porque serão os mais difíceis de se adaptar.

Penso o contrário. Está neles toda a informação e o conhecimento necessário para se entender com clareza os processos da organização. Neles está a prática que não está nem nos documentos nem nos gerentes. Basta tratá-los com o respeito merecido, com certa psicologia e sempre valorizar ao máximo seus anos de experiência. Depois disso trazê-los para a nova realidade será muito mais fácil, mesmo que seja necessário dispensar mais tempo de treinamento no uso do computador e/ou software.

Para muitos isso é tão comum quanto respirar, mas para outros isso será uma quebra total de paradigma.

É isso.

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